Cidades precisam de planejamento e bons projetos, com foco na mobilidade humana

Em debate no Sobratema Summit, especialistas propõem mudanças culturais, planejamento e continuidade administrativa como alternativa para a melhoria da mobilidade urbana dos centros urbanos brasileiros.

As cidades precisam ter planejamento e bons projetos, com foco na mobilidade humana, atenção ao meio ambiente e a busca pela diminuição da desigualdade social, com especial preocupação com as questões de acessibilidade. Essa proposição foi feita por José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco no painel Mobilidade Humana: Desafio da Infraestrutura Urbana, durante a abertura da Semana das Tecnologias Integradas para Construção, Meio Ambiente e Equipamentos, na última quarta-feira, 7 de junho.

Para Bernasconi, é preciso transformar as cidades com políticas públicas que mostrem um cuidado com o ser humano. “Também é importante se preocupar em oferecer acesso a todos, em especial para as pessoas que têm alguma necessidade especial. Mas não é só isso, pois precisamos ficar atentos com o meio ambiente, garantindo, por exemplo, a permeabilidade de nossas vias, e superar a imensa desigualdade social”, avaliou. “Não existe outra maneira de melhorarmos nossas cidades que não seja respeitando o ser humano”.

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Bernasconi: Não existe outra maneira de melhorarmos nossas cidades que não seja respeitando o ser humano”.

O presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), Afonso Mamede, concorda com a análise de Bernasconi, mas salienta que colocar em prática as ações voltadas para mobilidade urbana depende da participação da sociedade. “Quando a sociedade se mobilizar e cobrar soluções do poder público fica mais fácil a concretização das ações, evitando-se a descontinuidade das obras no caso de mudança de gestão”, afirmou Mamede.

A implantação de vias urbanas sob o conceito de Ruas Completas, que propõe estabelecer prioridades para pedestres, ciclistas e transporte coletivo, em vez de privilegiar o transporte individual, por carros, foi a proposição do diretor de Cidades do WRI-Brasil Luis Antonio Lindau. “Hoje temos as vias praticamente dedicadas aos automóveis, com pedestres, ciclistas e até mesmo o transporte coletivo, relegados ao segundo plano”, explicou Lindau. “Precisamos mudar essa situação, com vias que garantam mais espaço para os pedestres, criação de ciclovias e uma área exclusiva para o transporte coletivo, reduzindo o espaço para os automóveis”.

Para a permeabilidade, Lindau propõe a instalação de jardins de chuvas, além de pavimentos que permitam absorver água. “Mas também é preciso ter melhoria na iluminação pública, que privilegie as pessoas e não os carros; travessias mais seguras das vias e mobiliário urbano adequado”, disse ele.

O presidente da Sobratema lembrou ainda que a busca por novos materiais e equipamentos mais adequados para o uso urbano também colabora para melhorar a mobilidade humana. “Hoje temos novos métodos construtivos, com equipamentos menores, novos materiais, como a cabo de fio de carbono, mais leve e resistente, que substitui os cabos de aço em elevadores instalados em prédios altos, os pisos drenantes, que evitam impermeabilizar as vias evitando as enchentes, tão comuns em nossas cidades”, comentou.

Para o vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Elvis Leonardo César, prefeito de Santana de Paranaíba-SP, é preciso unir forças para buscar as mudanças propostas. Ele lembrou, durante o painel, que as “gestões públicas têm cada vez mais menos recursos enquanto os desafios aumentam”. “Precisamos de um plano de desenvolvimento urbano integrado que seja viável e estamos trabalhando para isso”, garantiu. 

Fotos: Marcelo Vigneron/Divulgação Sobratema