Durabilidade de barragens

De acordo com Gustavo Tristão, doutor em Engenharia Civil, projeto e manutenção são imprescindíveis em sistemas de contenção

As barragens estão presentes em diversos empreendimentos da indústria. Porém, sua construção e finalidade têm diferenças em relação às áreas e segmentos atendidos. Alguns dos exemplos de empresas e setores que comumente utilizam esse recurso são as empresas de abastecimento e mineradoras. Mas as barragens também podem ser utilizadas para contenção de inundação, recreação com os lagos criados em cidades, regularização de vazões para contenções de cheias e contenção das marés.

Gustavo Tristão, doutor em Engenharia Civil e diretor da Concremat Inspeções e Laboratórios, empresa associada ao Sinaenco/MG, explica os sistemas de contenção a partir de uma barragem de usina hidrelétrica. De acordo com o especialista, antes da construção da barragem é feito um estudo hidráulico-hidrológico para determinar quais serão as capacidades normais e máximas de reservatório e estruturas de vertimento. “Assim, o barramento é definido para operar em todas as condições possíveis, e sua construção é finalizada previamente à solicitação”, explica.

Apesar de terem a mesma finalidade, as barragens de mineradoras utilizam conceitos diferentes em sua construção, pois são construídas em etapas, de acordo com a necessidade de aumento da capacidade de acumulação. “Para isso, existem alguns métodos construtivos de alteamento à montante, à jusante e centralizado”, explica Tristão.

O engenheiro civil também explica como é feita a condução dos rejeitos de minério até as barragens. Segundo ele, ao final do processo de extração do minério, o rejeito em forma de polpa é transportado para a barragem por meio de esteiras, canais ou tubulações. “Entre os fatores que definem o sistema a ser adotado podemos destacar a consistência do rejeito (mais ou menos líquido), a diferença de elevação entre a planta e o local de descarte (subida ou descida) e o tipo de material (contaminado, forte odor etc)”.

A alternativa para a destinação de rejeitos mais adotada é a barragem de terra (ou bacia de rejeito). “Utilizando-se as técnicas corretas e realizando um acompanhamento constante através de monitoramento e inspeções, a barragem de terra é uma solução segura. Por isso, é a mais utilizada no mundo quando o rejeito é em polpa”, conta Tristão.

Durante a construção de uma barragem, a engenharia consultiva pode trabalhar em quatro possibilidades claras, ou na junção delas: elaboração de todos os estudos prévios e de viabilidade do projeto, bem como a análise dos impactos da obra em relação ao meio ambiente e à população vizinha; acompanhamento de contratações, contratos, cronogramas, demandas de execução, medições, pagamentos, acompanhamentos de licenciamentos e outras demandas relacionadas à gestão geral da construção com ênfases técnicas na atuação; supervisão e fiscalização das obras quanto à execução conforme cronograma, atendimento aos projetos e especificações, no intuito de garantir o cumprimento dos marcos de obra e atender aos níveis de qualidade esperados; e verificação dos projetos e especificações para atendimento às normas, às boas práticas e aos requisitos mínimos de segurança estrutural, como análise dos riscos e definição de mitigadores.

A lei, juntamente com a resolução, define uma série de obrigações aos empreendedores nas fases de operação, tais como acompanhamento da instrumentação, inspeções rotineiras, inspeções periódicas, inspeções especiais e reavaliações periódicas de segurança. O acompanhamento das barragens deve ser constante, a frequência de cada atividade deve ser definida por profissional competente e conforme o risco inerente de cada barramento (regulamentado pela portaria do CNRH). “Além disso, torna-se obrigatória a montagem e acompanhamento do Plano de Segurança de Barragens. Esse plano é composto por cinco volumes, cujos documentos devem estar sempre disponíveis para consulta do órgão fiscalizador”, ressalta o engenheiro.

Fonte: Informa Sinaenco/MG (janeiro de 2016)