A infraestrutura de Salvador exige manutenção

Estudo realizado pelo Sinaenco na capital baiana avaliou 31 pontes, viadutos, passarelas, estação elevatória e edificações, na terceira edição da Campanha pela Manutenção do Ambiente Construído

A infraestrutura de Salvador vem mantendo, há décadas, uma triste tradição: boa parte dela – especialmente pontes, viaduto, passarelas, marquises e edifícios históricos – apresenta problemas graves, decorrentes da falta de manutenção.  Essa tradição negativa foi constatada no estudo “Infraestrutura de Salvador: prazo de validade vencido”, inserido na Campanha pela Manutenção do Ambiente Construído desenvolvida pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) desde 2007 e apresentada à mídia baiana em coletiva de imprensa realizada pelo Sinaenco nesta quarta-feira, 17/05, em Salvador.

Esta é a terceira vez que o Sinaenco realiza a avaliação do estado da infraestrutura em Salvador. Em 2008 foram apontados 14 pontos com problemas. Neste novo estudo, além das obras antes avaliadas, foram acrescentados 17 novos casos de Prazo de Validade Vencido. “Embora alguns dos problemas detectados em 2006, data do primeiro estudo, tenham sido parcialmente solucionados, diversos bens públicos encontram-se deteriorados, pela absoluta falta de manutenção preventiva”, alerta o presidente da regional Bahia do Sinaenco, engenheiro Carlos Stagliorio.

O estudo apresentou uma radiografia da situação de 20 viadutos, duas pontes, uma passarela, um túnel, marquises da Baixa do Sapateiro, uma estação elevatória e de edifícios tombados do Centro Histórico de Salvador. Dentre as obras avaliadas, a que foi considerada em pior estado de conservação pelos especialistas do Sinaenco foi a terceira ponte sobre o rio Jaguaribe. Toda a sua estrutura apresenta problemas graves, constatáveis por inspeção visual, como armaduras (ferragens) expostas e em avançado estado de corrosão – algumas já rompidas -, após o descolamento de parte da cobertura do concreto de proteção, na base do tabuleiro, no pilar de sustentação e nas vigas. Segundo os especialistas em estruturas, as ferragens exposta e corroídas podem ocasionar, se não forem recuperadas a tempo, até a falência da estrutura, em casos extremos.
Além da terceira ponte do Jaguaribe, sete outras obras vistoriadas também apresentam problemas que exigem a ação imediata dos poderes públicos responsáveis pela sua manutenção, para garantir a segurança dos cidadãos que por elas transitam, em veículos, bicicletas ou a pé. As demais, consideradas em estado regular, ainda assim precisam de manutenção para não se deteriorar. “A elevada alcalinidade das águas marinhas, espalhadas pelo vento, somam-se aos gases emitidos pelos veículos, indústrias e outras fontes de poluição para atacar o concreto e as suas ferragens. O antídoto para esses inimigos das estruturas de concreto de pontes, viadutos e edificações, entre outras, chama-se manutenção permanente, preventiva e corretiva, que permite prolongar a vida útil dessas estruturas por muitas décadas ou, no mínimo, garantir que atinjam os 50 anos previstos para a sua duração, em bom estado de conservação.”, destacou o presidente do Sinaenco/BA.

Fonte Nova
Em 2007, o Sindicato realizou um estudo sobre a situação dos estádios das cidades então candidatas a sediar uma chave da Copa do Mundo de 2014. Nesse estudo, divulgado em 1º de novembro de 2007, o estádio da Fonte Nova foi considerado como em pior estado entre os 29 avaliados em todo o país. Em 25 de novembro, parte da arquibancada do Fonte Nova desabou, matando sete pessoas. Recentemente, parte da cobertura do Centro de Convenções de Salvador desabou, felizmente sem ocasionar vítimas.
Esses são exemplos gritantes da importância da adoção de programas permanentes de manutenção pelas administrações públicas brasileiras, com dotações orçamentárias específicas, fundamentais para preservar o enorme investimento da sociedade para a sua construção. Dados internacionais indicam como investimento mínimo necessário para a manutenção preventiva e corretiva de estrutura pelo menos 2% do orçamento anual dedicados à rubrica manutenção, o que raramente acontece no Brasil.

Outros estudos
Além de Salvador, o Sinaenco já elaborou análises semelhantes sobre as cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Distrito Federal, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro. Os resultados estão disponíveis em www.sinaenco.com.br/campanhas.
Após a apresentação do estudo à imprensa, o relatório será encaminhado às autoridades da Bahia e Salvador, com as recomendações do setor.

OBRAS AVALIADAS – SALVADOR – 2017
Avaliação: péssimo estado
Ponte sobre o rio Jaguaribe – 3ª ponte
Viaduto Campo Grande – Avenida Reitor Miguel Calmon
Viaduto da Fonte Nova
Passarela do Jaguaribe
Ponte sobre o rio Jacuípe – Estrada do Coco
Duto sobre o rio Imbuí
Pavimento Octávio Mangabeira
Marquises de edifícios no Centro

Avaliação: estado ruim
Túnel Américo Simas
Complexo Viário dos Fuzileiros Navais
Viaduto Gabriela – Sentido Graça/Vitória
Viaduto Mascarenhas de Moraes
Viaduto do Contorno – regular
Viaduto Rômulo de Almeida
Viaduto Vale do Ogunjá
Viaduto Marta Vasconcelos
Viaduto Joana Angélica
Viaduto dos Engenheiros
Viaduto do Bonocô
Viaduto do Sesc
Viaduto Campo Santo
Viaduto São Jorge
Viaduto Canela
Viaduto Padre Feijó
Viaduto Aquidabã
Viaduto dos Reis Católicos
Igreja do Bonfim
Estação Elevatória do Louro – Stella Maris