Cases sobre o uso do BIM e de novas tecnologias movimentam o segundo dia do Seminário

Se o primeiro dia do evento foi marcado por palestras mais conceituais, o segundo dia foi recheado de cases de aplicação reais do BIM no Brasil e no mundo. O aumento da maturidade da adoção do BIM no país ficou ainda mais evidente à medida que tecnologias e processos aplicados foram sendo apresentados, indo desde […]

Se o primeiro dia do evento foi marcado por palestras mais conceituais, o segundo dia foi recheado de cases de aplicação reais do BIM no Brasil e no mundo. O aumento da maturidade da adoção do BIM no país ficou ainda mais evidente à medida que tecnologias e processos aplicados foram sendo apresentados, indo desde mapeamentos topográficos até empreendimentos inteiros projetados e construídos ou reformados utilizando o BIM.

Discussões à respeito do quanto a cultura da empresa para a adoção do BIM é fundamental, à medida que exige mudanças de processo e trabalho colaborativo, e a discrepância entre as necessidades desse mercado e a formação nas universidades, umas das razões para a falta mão de obra qualificada na indústria, deram o tom do segundo dia. Perguntas sobre desafios para encontrar e contratar profissionais capacitados para trabalhar em BIM chegaram ao longo de boa parte das apresentações.

Os três primeiros painéis foram recheados de cases de aplicação do BIM e discussões acerca da digitalização e inovação na construção civil. O primeiro painel, Aplicações concretas de tecnologias digitais, trouxe profissionais da Leica, Construtivo e TPF para falar respectivamente sobre tecnologias de laser scanner, ambiente comum de dados e sobre a aplicação do BIM para o estudo de viabilidade da Ferroeste, empreendimento ferroviário previsto para ser a segunda maior rota de exportação do Brasil.

Em seguida, o painel Insights para a transformação digital na construção trouxe discussões a respeito da implantação do BIM no Brasil. Leonardo Santana (ABDI) apresentou números sobre a maturidade da digitalização do setor: atualmente, 56% estaria em fase inicial de aplicação do BIM, cujos principais desafios giram em torno dos investimentos em hardware, software e capacitação, além da falta de incentivo financeiro e envolvimento da alta gestão das empresas. Tiago Ricotta (Trimble) e Fernanda Machado (Autodesk) fecharam o painel apresentando cases e insights para a adoção de novas tecnologias e processos, ressaltando a importância de uma visão de futuro bem estabelecida pelas empresas para ingressar no processo de evolução tecnológica.

No painel Impactos do 5G para a construção, Matheus Jaccon (IPT) e Bruno Andrade (Oracle) discorreram sobre como a capacidade de conectar mais dispositivos e a baixa latência da rede proporcionada pelo 5G permitirão mudanças significativas sobretudo no canteiro de obras, que deve contar cada vez mais com a aplicação de Internet das Coisas, Big Data e a robótica.

Em seguida, a capacitação da mão-de-obra para a adoção do BIM no mercado foi discutida intensamente no painel Ensino BIM, no qual Regina Ruschel (Unicamp) e Alessandro Ferrari (Zigurat) e Eduardo Sampaio Nardelli (Sinaenco/Universidade Mackenzie) trouxeram a questão do ponto de vista acadêmico e empresarial. Mudanças holísticas nas disciplinas universitárias e as facilidades trazidas pelo aumento da digitalização acelerado pela pandemia (ensino remoto, por exemplo) foram questões abordadas durante as apresentações.

O assunto foi novamente trazida à tona mais tarde, no painel composto por David Shinkai (Verum Partners) e Guilherme Guignone (Infraero), que discutiram como as empresas estão contratando e formando os seus BIM Teams, incluindo metodologias de trabalho a que esses profissionais precisarão se adequar.

A aplicação do  BIM em contextos específicos foi abordada em alguns painéis. O BIM na Favela trouxe mais cases reais sobre a aplicação do BIM com uma pegada social: com cases de mapeamento via laser scanner nas comunidades brasileiras da Rocinha e de Paraisópolis, a fim de subsidiar a tomada de decisão sobre intervenções necessárias nesses espaços. As apresentações ficaram a cargo de Stefânia Dimitrov (Sondotécnica) e Fábio Duarte (MIT). 

Já no painel Arenas BIM, Daniel Fernandes (Fernandes Arquitetos Associados) trouxe as aplicações do BIM em projetos de arenas esportivas no Brasil e no mundo. 

Os usos do BIM em obras de saneamento e em Obras de Arte Especiais, extremamente relevantes para a administração pública, foram tema de outros dois painéis ao longo do dia. Neles, discutiu-se a importância do BIM não só na construção, mas na manutenção e operação de ativos, tema que também foi trazido no painel BIM e ESG, já que 27% das emissões de carbono do mundo são causadas pela operação de edificações. Aqui, foi ressaltado o papel do BIM ao longo de todo o ciclo de vida da construção, em que o maior esforço nas etapas iniciais de projeto podem ajudar a gerar menos emissões e iniciativas sustentáveis ao longo de toda a vida útil do empreendimento.

 

O evento foi fechado com o painel BIM na América Latina, onde os esforços para implantação e incentivo do BIM em cada país da região foram explorados a fundo nas apresentações do Red BIM Gobiernos Latam e do BIM Fórum Brasil.