Construtivo reforça a importância do uso de requisitos para maximizar o valor e a eficiência na infraestrutura
Por Marcus Granadeiro*
Estamos vivendo atualmente um aquecimento de operações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no setor de infraestrutura. Segundo indica o estudo realizado pelo UBS BB – reconhecido banco de investimento único, a pedido do jornal Valor Econômico, indica que as transações de M&A envolvendo os diversos segmentos em infraestrutura somaram, no acumulado do ano até o fim de outubro, US$ 17 bilhões, aumento de 150% ante o observado em todo o ano passado.
Assim como qualquer ativo a ser negociado, quanto mais informações temos sobre ele, menos risco a operação oferece e maior será o seu valor. Apenas por esta razão, já se justifica pensar em adotar o BIM (Modelagem de Informação da Construção), o que significa ter o seu ativo modelado digitalmente e, consequentemente, uma operação que toma decisões e as registra em um modelo de informações do ativo, ou AIM (Asset Information Model), ou modelo de informação do ativo, em tradução livre.
A jornada para criar e ter um AIM e operar com um gêmeo digital parece um mistério para muitos. Porém, já se tem muitos casos de sucesso e jornadas relativamente bem mapeadas para se chegar lá. Um dos caminhos é seguir o modelo de gestão da informação preconizado pela família de normas ISO 19.650. As experiências de projetos que seguiram esses modelos associados à adoção dos padrões abertos de dados, o openBIM, são animadoras.
Diferentemente do que muitos pensam, a jornada não se inicia no projeto, ou seja, na modelagem tridimensional dos ativos. Ela se inicia na definição dos requisitos de informação baseada nas aplicações e uso que se dará ao modelo. A construção desses requisitos tem uma lógica simples de se entender: trata-se da informação indispensável para atender às demandas da organização e que determina o que é necessário para conter nos ativos, que vão definir os requisitos a serem demandados na modelagem e projeto.
Um bom exemplo pode ser uma organização que decide ser neutra em carbono em 20 anos. Essa decisão levará a determinação de requisitos organizacionais para realizar este acompanhamento, sendo refletido nos requisitos dos ativos e nos novos projetos, que terão que ter informação sobre carbono para que a organização consiga buscar o seu objetivo de forma real.
A buildingSMART, organização que define os padrões openBIM no mundo, já criou um padrão para automatizar a criação e a validação de modelos com base em requisitos, chamado IDS. O desafio no entanto continua em como chegar na definição desses requisitos. O Construtivo vem trabalhando com uma solução norueguesa, o dRofus, uma plataforma de gestão de dados para BIM que gerencia todo o processo de definição dos requisitos, integrando os dados ao longo da fase de projeto e construção, entregando um modelo de informação do ativo confiável e pronto para uso.
Qual valor que isto tem? O seu ativo de infraestrutura é similar a um carro com manual de manutenção ou um carro vendido sem nenhuma informação ou procedência? Quanto essa organização da informação pode agregar de valor ao seu ativo? Sem dúvida é o melhor custo/benefício que o BIM pode agregar.
*Marcus Granadeiro é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, membro do RICS – Royal Institution of Chartered Surveyors (MRICS), certificado em Transformação Digital pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e sócio-diretor do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia, que é parceira em treinamento e certificação da buildingSMART Brasil.