Indústria da construção reúne presidenciáveis e aponta como setor pode alavancar a economia nacional
Em evento promovido em Brasília, candidatos discutiram a agenda estratégica da construção e apresentam suas propostas para a recuperação do setor e do país.
O Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018, primeiro evento após o fim do prazo para os partidos definirem os candidatos à Presidência da República em convenções nacionais, reuniu em 6 de agosto os candidatos Marina Silva (Rede), Geraldo Ackmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB), que concorrem à eleição presidencial no próximo mês de outubro.
O encontro com os presidenciáveis foi promovido pela ‘Coalizão pela Construção’, grupo que reúne as 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção, entre elas, o Sinaenco. Realizada em Brasília, a sabatina congregou 340 participantes, entre empresários da cadeia produtiva da construção civil e a imprensa nacional, sobre temas estratégicos, como segurança jurídica, crédito, planejamento e estímulo ao capital privado, que se atendidos poderão fazer com o que o setor volte a gerar significativos números de emprego e renda.
O Sinaenco foi representado no encontro pelo seu presidente, Carlos Roberto Soares Mingione, e também pelos vice-presidentes nacionais Sérgio Marques Assumpção e Russell Ludwig, o presidente da regional São Paulo, Fernando Jardim Mentone, e o conselheiro José Roberto Bernasconi.
Fonte: CBIC (modificado)
Fotos: Guilherme Kardel/CBIC
Durante os debates, os candidatos puderam se posicionar sobre pontos referentes a investimento público; a entrada de produtos e profissionais estrangeiros para atuar no país e como pretendem tratar a exportação de serviços de engenharia. Puderam também apresentar ideias/propostas para a recuperação do setor da construção, em questões como planejamento, segurança Jurídica, habitação e crédito, confira a seguir:
MARINA SILVA (Rede da Sustentabilidade)
Investimento Público: Pretende limitar o crescimento do gasto público à metade do aumento do PIB. Para requalificar o investimento, considera importante modernizar as relações entre o setor público e o setor privado, usando o máximo das parcerias para que estados e iniciativa privada tenham ações que sejam complementares.
Indústria: protecionismo x isonomia. Pretende criar mecanismos para a entrada de engenheiros e outros profissionais no Brasil, sem que isso signifique desregramento. Reconhece a importância da transferência de tecnologia, mas por meio de acordo de cooperação técnica, e da parceria com investimento externo.
Segurança Jurídica: A favor do aprimoramento dos marcos legais do licenciamento ambiental. Defende que um bom licenciamento pode garantir agilidade para as obras, sem perder a qualidade dos projetos, e segurança jurídica, além de ser fundamental para garantir a retomada dos investimentos em infraestrutura. Defende que a blindagem do servidor público, para evitar o “Apagão das Canetas”, passa pela qualidade dos projetos. Favorável a criação de mecanismos, como o seguro para as obras, que propicie ao empreendimento a proteção de que não se terão aditivos que não têm como serem justificados. Sobre a morosidade das desapropriações, disse que já há mecanismos utilizados pelo Poder Público para a questão.
Crédito: Para destravar a economia, pretende diversificar o crédito imobiliário. Estuda a entrada de novos players, como as Finthecs (empresas de tecnologia no setor financeiro). Defende o cadastro positivo, que tramita no Congresso Nacional.
Impostos: Favorável à unificação de cinco impostos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).
Reformas: Adepta à reforma tributária, para criar um ambiente de negócios favorável no país. A favor da reforma da Previdência, com foco no combate aos privilégios.
MCMV: Pretende aperfeiçoar o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para sanar o déficit de moradia digna no País. A favor do combate aos guetos de pobreza com moradias sustentáveis, em bairros com infraestrutura.
Infraestrutura: Pretende ampliar a proporção de investimento no setor de infraestrutura, passando dos atuais 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para, pelo menos, 4% do PIB. Pretende investir em energia renovável, obras de drenagem e mobilidade urbana, além de universalizar o saneamento básico.
GERALDO ALCKMIN (PSDB)
Reformas: Pretende propor a reforma tributária, reduzindo a quantidade de tributos a cinco; a Reforma da Previdência, com o objetivo da justiça social; a reforma do Estado, e a reforma política.
Segurança Jurídica: Garante que as agências reguladoras não serão dirigidas por nomes indicados por partidos políticos. Defende a abertura comercial e diminuição da interferência do governo na atuação empresarial. Pretende desburocratizar, desregulamentar e estimular a atividade empreendedora para destravar a economia.
Habitação: Defende a revisão do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, para que os recursos do FGTS sejam destinados para projetos de moradia, mobilidade e infraestrutura.
Crédito: Pretende aumentar o número de instituições bancárias e a competitividade no setor. Não há definição sobre uma possível privatização de bancos públicos. Favorável a entrada de novos players, como as fintechs, para aumentar a competição no sistema bancário e a queda na taxa de juros para baratear o crédito. Defende a Lei Geral das Garantias, a Lei do Distrato e um sistema de cadastro que dê mais segurança ao mercado.
Infraestrutura: Ciente de que em saneamento ainda tem tudo por fazer, inclusive a necessidade de investimentos em logística.
Reformas: Pretende realizar, ainda no primeiro ano de mandato, as reformas tributária, previdenciária, política e de Estado. A meta é zerar o déficit em menos de dois anos.
ALVARO DIAS (Podemos)
Reformas: Defende a reforma do Estado, como solução para que o país tenha recursos para fomentar o desenvolvimento, e o combate à corrupção. Favorável à redução da máquina pública, com a redução de ministérios – cerca de 15 – e de privilégios; Não aceitará indicações políticas para ministérios e agências reguladoras. A favor da redução da carga tributária, simplificando o seu modelo.
Segurança Jurídica: Defende mais transparência para a dívida pública brasileira. Para recuperar o investimento público no setor da construção, entende que o ajuste fiscal tem que ser acompanhado de crescimento econômico, por isso a necessidade da segurança jurídica e do combate à corrupção. Favorável à melhoria do ambiente de negócio para acabar com a burocracia que impede o País de crescer. A favor da diminuição dos emolumentos cartorários.
Crédito: Defende segurança jurídica é oferecer uma legislação que permita investir sem ser enganado. A favor da redução das taxas de juros.
Habitação: Defende o aprimoramento do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com previsão de creches e transportes públicos próximos às residências.
Infraestrutura: Deseja recuperar a credibilidade junto ao setor privado para utilizar nas PPPs, concessões e privatizações os mecanismos de fomento que o país dispõe (Banco do Brasil, Caixa e BNDES).
CIRO GOMES (PDT)
Planejamento: Pretende redesenhar o pacto federativo brasileiro. Garante que todas as obras de transporte urbano no Brasil, que hoje custam cerca de R$ 300 bilhões, vão ser resolvidas em até 10 anos.
Segurança Jurídica: Pretende criar dois milhões de empregos no primeiro ano de governo, com fomento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para criação de complexos industriais nas áreas da construção civil, saúde, agronegócio e petróleo, óleo e gás. Favorável a repensar a Lei das Licitações, a Lei de Desapropriações e a Lei do Licenciamento Ambiental
Crédito: Pretende forçar a competição entre o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para forçar a queda dos juros no País. Defende o equilíbrio do câmbio, das taxas de juros e da tributação para aumentar a competitividade no Brasil. A favor de ‘reindustrializar’ o Brasil para equilibrar as contas, por acreditar que o consumo não vai fazer o Brasil crescer.
Infraestrutura: Promete concluir as obras paralisadas no país e ter empenho na infraestrutura e logística no país. Diz que o valor arrecadado pelo governo federal, de cerca de R$ 3 bilhões, das empresas de saneamento com a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Pasep, será devolvido em investimentos em água e esgoto.
HENRIQUE MEIRELLES (MDB)
Reforma: A favor das reformas da Previdência e tributária para melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos. Segundo ele, se a Reforma da Previdência for aprovada, conjugada ao teto dos gastos, as despesas – que hoje representam 20% do PIB e podem subir para 25% em 10 anos – vão cair para 15%.
Segurança Jurídica: Defende o “destravamento completo” do sistema de privatização do país e uma maior segurança jurídica para o investidor. A favor de agilizar processos de licenciamento ambiental, demandas da Justiça trabalhista, de órgãos de regulação e de controle. Defende a redução da “parafernália burocrática”.
Infraestrutura: Anunciou o ‘Programa Brasil Integrado’, amplo projeto de infraestrutura urbana, interurbana e de longa distância. Metas de curto, médio e longo prazos, passam pela retomada imediata de mais de 7 mil obras que estão paralisadas, com investimentos na ordem de R$ 80 bilhões.