Especialistas discutem impactos e aplicações das novas tecnologias no setor de AEC
Transformação digital e inteligência artificial ganharam destaque em alguns dos painéis do Seminário A ERA BIM.
O 6º Seminário Internacional A ERA BIM teve uma abertura, no mínimo, inusitada: Rose BIM e Dog BIM, dois robôs, invadiram o palco e ajudaram a apresentar os temas e alguns dos convidados do primeiro dia do evento. Para além da curiosidade, a presença dos robôs chamava atenção para um fato que seria abordado ao longo de todo o seminário: a transformação digital já uma realidade.
Por esse motivo, além dos inúmeros cases que mostram a aplicação de diversas ferramentas tecnológicas e de uma feira 100% dedicada à exposição de soluções disruptivas, a 6ª edição do Seminário Internacional A ERA BIM, realizada de 21 a 23 de novembro, no campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie, trouxe painéis para como o setor de arquitetura, engenharia e construção está se posicionando nesse novo cenário.
No painel “Inteligência Artificial na AE&C”, Eduardo Francisco, chefe do Departamento de Tecnologia e Ciência de Dados da FGV EAESP, iniciou os trabalhos explicando conceitos de Inteligência Artificial, Deep Learning, Machine Learning, e abordando como isso pode se aplicar ao setor. “Os conhecimentos nos quais muitas dessas tecnologias estão baseadas remontam da década de 1950, mas só agora temos capacidade tecnológica para colocá-los em prática. O que veremos do ponto de vista da construção é uma melhora na eficiência, com otimização de projetos e integração de dados”, disse.
Em seguida, Ricardo Bianca, mestre em arquitetura e urbanismo pela FAU-USP e executivo da Autodesk, defendeu que a emergência climática e social fará com que, cada vez mais, a humanidade tenha que fazer mais com menos, e a tecnologia é chave para lidar com isso. “A automação a partir de inteligência artificial tem potencial para gerar economia de tempo e recursos, maior agilidade e variedade nas entregas, alta capacidade de gerenciamento de dados, além de maior eficiência e qualidade das obras”, defendeu.
No painel “Insights para a transformação digital na construção”, Ana Cayres, executiva da Software One, pontuou que o mundo vive uma evolução com processos mais rápidos e eficazes, volume de dados astronômico e digitalização de processos. “A construção civil é o setor que menos se modernizou. É importante que as empresas tenham estratégia. No curto prazo, temos expectativa da adoção de BIM como meio para ampliar a maturidade digital das empresas, decisões cada vez mais guiadas por dados, sustentabilidade como elemento essencial, utilização de gêmeos digitais e trabalho colaborativo”, discorreu a executiva.
Fernando Lima, professor de Arquitetura e Design Computacional e diretor do Laboratório de Fabricação na Belmont University, trouxe uma apresentação sobre a importância do design computacional na resiliência urbana. “Considerando o crescimento populacional e o déficit habitacional, até 2050 vamos precisar construir tantas casas como nos últimos 2 mil anos. Podemos e devemos utilizar todos os recursos que temos para potencializar nossa tomada de decisão”, defendeu.
Ele apresentou um projeto de utilização de Inteligência Artificial Generativa para a confecção de projetos de casas modulares na Índia, feito por estudantes. “Não são soluções convencionais que replicam o projeto de uma casa, e sim um sistema flexível com regras que permite a oferta de várias soluções, com projetos viáveis e que respeitem a cultura de cada espaço”, contou.
Fernando concluiu sua apresentação pontuando que o propósito das transformações digitais deve ser buscar novos caminhos para tomar decisões na escada do planejamento urbano. “Precisamos atender aos anseios econômicos do setor, sim, mas também pensar em como essas tecnologias podem nos ajudar a atender às necessidades da comunidade”, finalizou.