O BIM (Building Information Modeling) tem ganhado cada vez mais espaço na construção por sua capacidade de, por meio de intenso detalhamento e digitalização desde as fases iniciais de projeto, criar condições para aumentar a eficiência, qualidade e agilidade das obras, ao mesmo tempo em que reduz custos, erros e desperdício. Mas alguns projetos apontam que o BIM pode ir muito além disso.

Pesquisadores do laboratório Senseable City, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em parceria com a BRTech 3D, estão desenvolvendo um projeto de mapeamento em 3D da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), uma das maiores do Brasil, chamado Favelas 4D.

A tecnologia utilizada para mapeamento é o escaneamento a laser, com dados de imagem produzidos por vias aéreas e terrestres. Dimensões, distâncias e elevações das ruas e das construções são registrados para a construção de um mapa 3D, cujo objetivo é permitir ao poder público desenvolver modelos de planejamento urbano que melhor contemplem as necessidades daquela comunidade, como água, esgoto, iluminação, circulação de ar, entre outros.

Outro projeto inovador com a mesma pegada é o conduzido pela Sondotécnica. Segundo a empresa, o projeto BIM em Favela foi elaborado para contratos de gerenciamento e fiscalização de projetos e obras de urbanização e pode ser aplicado em diversas regiões, uma vez que mais de 1,8 mil km² das áreas urbanas brasileiras são ocupadas por favelas.

O mapeamento também é feito por vias aéreas e terrestres e proporciona ao final uma restituição aerofotogramétrica e um modelo 3D de toda a área. O objetivo principal é ajudar a melhorar a habitação dos moradores, proporcionando mais senso de pertencimento, identidade e dignidade, já que hoje as favelas muitas vezes são espaços em branco nos mapas das cidades.

Para falar sobre a aplicação do BIM em comunidades, profissionais envolvidos nos dois projetos estarão presentes no painel ‘BIM na Favela’ do 5º Seminário Internacional A ERA BIM. Participarão do painel Fábio Duarte, pesquisador principal no MIT Senseable City Lab, e Stefania Dimitrov, arquiteta e urbanista com mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de projetos habitacionais e de infraestrutura e atualmente Gerente BIM e Inovação da empresa Sondotécnica.