Implantação do BIM vai colocar a etapa de projeto no centro de todo o processo de construção
Avaliação é de Sergio Scheer, da UFPR. Especialista participa do Seminário Internacional sobre BIM, no para o próximo dia 6 de novembro.
Poucas mudanças no processo de projetar e construir foram tão impactantes como está sendo a entrada da modelagem BIM neste início de século. “É uma revolução que vai colocar a etapa de projeto no centro do desenvolvimento de qualquer construção”, avalia o professor Sergio Scheer, pesquisador de computação aplicada à construção civil da Universidade Federal do Paraná.
“O profissional de projeto terá condição de selecionar as melhores soluções construtivas entre centenas de opções e poderá prever todo o comportamento da edificação, desde a etapa de construção, passando pela operação, uso, controles de segurança, manutenções previstas e até a reciclagem dos materiais usados na obra após sua demolição”, prevê o especialista, que estará no Seminário Internacional BIM: Uma Agenda para o Brasil, marcado para 6 de novembro, em São Paulo.
Scheer traça essa previsão otimista com base em seus 36 anos de estudos e pesquisas sobre o uso de computadores em projetos de obras, desde os primeiros “autocads” nos anos 1980. Até há alguns anos, explica ele, a grande evolução no projeto era a modelagem em três dimensões (3D), técnica que, segundo o professor, ainda não foi incorporada por grande parte dos profissionais mais experientes. Depois, chegou a ideia do 4D, quando o processo de projeto incluiu o planejamento da obra e o 5D, quando o orçamento foi agregado ao processo.
“Mais recentemente foram incluídos conceitos como as instalações, segurança, operação e manutenção, e a sustentabilidade ambiental. O BIM incorpora todas essas etapas, do início da concepção até o fim da vida do empreendimento”, completa ele.
Fazer mais com menos
O professor Scheer explica que a nova metodologia projeto permite calcular todo o custo da obra, ao longo de sua via útil e ganhar mais produtividade para o futuro edifício. “Calculamos que entre 15% a 25% dos custos referem-se ao projeto e construção. Os outros 75% são da operação e com um bom projeto pode-se reduzir muito esses gastos que envolvem uso de energia, água, conforto térmico e outros itens da operação”, explica o especialista.
Pode-se fazer mais com menos, desde que se pense antes. Um dos grandes problemas da construção civil sempre foi o da coordenação entre os vários projetos que compõem uma obra: arquitetura, estruturas, vedações, instalações etc. E com o BIM, avalia Scheer, tudo já nasce integrado e desenvolvido de formar colaborativa.
O BIM proporciona projetar com mais qualidade, coordenação de sistemas e maior previsibilidade na construção e operação. Mas, adverte Sergio Scheer, tudo depende da qualidade dos dados que alimentam os softwares integrados.
“Se entrar com informações ruins, teremos um projeto de má qualidade”. Assim, um dos caminhos críticos para que a estratégia de implantação do BIM tenha bons resultados, lembra o especialista, é a formação de profissionais competentes, capazes de trabalhar nessa sintonia. Para isso, é necessário adequar os currículos dos cursos de engenharia e arquitetura de forma a atender a este novo momento, defende o especialista.