A maioria dos brasileiros já vivenciou a desagradável experiência de transitar por ruas com calçadas apertadas e mal-cuidadas, em meio ao tráfego intenso. A sensação de passear por uma rua ideal, na qual pedestres, idosos e cadeirantes circulam com e conforto e em segurança, com espaço para ciclistas e faixas para ônibus e automóveis transitando em baixa velocidade, poderá ser vivenciada na Rua Completa, especialmente construída para o IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, que ocupa esta semana (de 24 a 28 de abril) o estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Idealizadores da Rua Completa – Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia), WRI Brasil e Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) – buscam   demonstrar que é possível realizar um projeto, desenvolvido sob os conceitos da acessibilidade universal e a convivência harmoniosa e segura de pedestres, ciclistas e motoristas.

“O objetivo da construção de uma Rua Completa é o de mostrar, em escala real, aos prefeitos e integrantes das administrações municipais e aos visitantes desse importante evento a possibilidade da convivência harmoniosa e segura decorrente de vias urbanas bem planejadas, em locais de comércio e com grande fluxo de pessoas”, afirma o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi.

“O conceito de Rua Completa tem em sua essência o paradigma de uma cidade para as pessoas, em que a acessibilidade universal seja respeitada e todos possam usufruir do espaço público democraticamente”, explica Paula Santos, coordenadora de Mobilidade Urbana e Acessibilidade doa WRI e uma das responsáveis pelo desenvolvimento do projeto.

A transformação do ambiente em um local mais agradável e seguro para as pessoas pode ser realizada com intervenções simples, como pinturas no pavimento para aumentar a área dedicada aos pedestres, uso de parklets, mobiliário móvel e sinalização. Uma boa iluminação também aumenta a segurança destes locais.  As Ruas Completas devem ser projetadas considerando as características específicas de cada local. O tipo do solo, orçamento e desejos e necessidades da comunidade local interferem no desenho final do espaço.

A rua construída no evento da FNP tem 130 m2 de área construída, onde pedestres, ciclistas, carros e ônibus trafegam no mesmo nível. A sinalização dos diferentes usos das vias é feito por cores e pelo material utilizado: a faixa destinada aos ônibus será em concreto armado moldado in loco, enquanto as calçadas e a faixa de uso misto (ciclistas e automóveis) serão pavimentadas com piso intertravado de concreto.

O uso compartilhado da rua entre pedestres, ciclistas, ônibus e automóveis se torna seguro pela baixa velocidade máxima permitida aos veículos, de 30 km/h. A sinalização e outros elementos de projeto, como a iluminação, com foco nas calçadas e nos pedestres e piso podotátil, para orientação aos deficientes visuais também são elementos importantes para melhorar o conforto e a segurança do ambiente. A drenagem dessa rua será feita por biovaletas, também chamadas de Jardim de Chuvas, um canteiro que permite a passagem das águas pluviais.

Nas laterais, fachadas cenográficas simulam lojas e espaços comerciais, todos com grande transparência e visibilidade, propiciando assim maior segurança mútua – aos pedestres, lojistas e clientes.