Entidades divulgam manifesto a favor de engenharia brasileira
Porta-vozes de entidades representativas da engenharia nacional uniram-se em ato em prol do setor, na última segunda feira, 17 de agosto, na sede do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. De um lado, os empresários reiteraram o apoio ao combate à corrupção, mas alertaram para os graves efeitos que operações como a Lava-Jato têm […]
Porta-vozes de entidades representativas da engenharia nacional uniram-se em ato em prol do setor, na última segunda feira, 17 de agosto, na sede do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. De um lado, os empresários reiteraram o apoio ao combate à corrupção, mas alertaram para os graves efeitos que operações como a Lava-Jato têm produzido. Eles defendem que, em paralelo às investigações, projetos e obras estratégicos sejam retomados, a fim de preservar postos de trabalho, empresas e conhecimento técnico.
“O Sinaenco se associou a esse movimento liderado pelo Clube de Engenharia, entidade centenária. Nossa preocupação é com o desmonte acelerado de uma cadeia produtiva altamente especializada. O Brasil não pode abrir mão dos recursos humanos e da competência técnica constituída ao longo das últimas décadas”, afirma José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato.
Durante o encontro foi lançado o manifesto Pela Engenharia, a favor do Brasil, no qual as entidades aplaudem as investigações e cobram das autoridades providências para estancar a crise no setor. Além do Sinaenco, assinaram o documento Abimaq, Abemi, Abifer, Confea, Creas, CBIC, Fenainfro, Sindistal, entre outras entidades.
Confira, a seguir, a íntegra do manifesto.
Pela Engenharia, a favor do Brasil
As entidades nacionais abaixo relacionadas, representativas de todos os setores da engenharia brasileira, irmanadas às da indústria, da agricultura, do comércio e do transporte, vêm externar seu irrestrito apoio ao movimento de combate à corrupção em curso, mal que vem corroendo os alicerces da república.
Entretanto, alertam a nação, e manifestam sua grande preocupação com o gravíssimo efeito colateral que já se observa, tal seja a crescente paralisação de obras de infraestrutura estratégicas para o país, o desemprego de profissionais capacitados, a desorganização da construção pesada, a fragilização de importantes empresas como a Petrobrás e a Eletronuclear. Essa situação tem reflexos perversos em toda a cadeia produtiva das indústrias de equipamentos e bens de capital e também em milhares de pequenos e médios fornecedores. Sobretudo, afeta a normal implementação de programas estratégicos para a Defesa Nacional e acarreta enorme retrocesso na geração de empregos para profissionais e trabalhadores de todos os níveis e profissões.
O Brasil é um País por construir. Não podemos prescindir da capacidade gerencial e do acervo tecnológico acumulado nos últimos 60 anos pelas empresas brasileiras de construção pesada, de montagens e de engenharia consultiva, sob pena de colocar a perder o patrimônio que diferencia a engenharia brasileira e a destaca em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo.
A apuração de responsabilidades dos investigados pela Operação Lava Jato, respeitado o devido processo legal, é saudável e necessária. Dela resultará o fortalecimento das nossas instituições democráticas e a melhoria das condições de governança das empresas e dos órgãos públicos. Há, entretanto, de se preservar as empresas, os projetos estratégicos, os empregos e o conhecimento técnico-científico, elementos indispensáveis à construção do Brasil.
Paralelamente, nada justifica a interrupção dos principais investimentos da Petrobrás em diversos Estados do País. Seus efeitos já se fazem sentir: fechamento de empresas e de vagas qualificadas de engenheiros, técnicos e demais trabalhadores e perda da capacidade de gerar conhecimento, repercutindo até nas universidades, além da desvalorização dos investimentos realizados e do desgaste e elevação subsequente do custo de obras paralisadas, algumas em estágio final de construção.
É urgente resgatar a confiança e a credibilidade da engenharia, assim como o respeito à Petrobrás e aos seus profissionais, pois delas depende o desenvolvimento do país. Não podemos colocar em risco conquistas sedimentadas ao longo de décadas.
Diante deste quadro, esperamos, e cobramos, das autoridades constituídas as providências necessárias para que a engenharia possa continuar a desempenhar o seu principal papel, o de construir o Brasil.
Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2015