Reta Engenharia reduz em 40% a emissão de carbono com o AltoQi Visus
Empresa especializada em consultoria e gestão de projetos industriais e comerciais adotou o BIM para tornar suas obras mais sustentáveis. Na construção de uma hidrelétrica, metodologia foi utilizada para projetar, quantificar insumos, orçar serviços e avaliar o impacto ambiental. A análise foi viabilizada pela plataforma OpenBIM Visus, da AltoQi.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) informam que quase 40% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia estão relacionados com a construção civil. O desafio atual, portanto, é tornar o setor mais eficiente ecologicamente.
A Reta Engenharia, empresa de Belo Horizonte que entrega serviços de consultoria e engenharia especializada em viabilidade e gestão executiva para projetos industriais e comerciais, encontrou uma forma de executar obras mais sustentáveis a partir da adoção da metodologia BIM (Building Information Modeling, em inglês, ou Modelagem da Informação da Construção).
Foi a partir da especificação técnica para contratação da obra de uma hidrelétrica que o BIM foi utilizado para o processo de projeto, extração de quantitativos de insumos e serviços, orçamento de obras e análise do impacto ambiental.
Os resultados positivos na redução dos custos ao longo do tempo e no impacto ambiental são confirmados pelos números. A empresa em destaque conseguiu reduzir em 11,28% os custos da operação e em 40% a emissão de carbono estimada na construção.
Continue a leitura para saber como a exportação estruturada dos dados com especificações dos insumos da obra pelo AltoQi Visus Cost Management, foi utilizado para análise de sustentabilidade da obra de infraestrutura e como a Reta Engenharia articulou construção civil e sustentabilidade na prática.
Como reduzir a emissão de carbono na construção civil
De acordo com Lucas Fukuda, Arquiteto e BIM Manager da Reta Engenharia, a ajuda no cálculo de emissão de carbono (CO2) veio do Visus, uma plataforma OpenBIM para Gestão Digital da Construção desenvolvida pela AltoQi.
“Nós construímos o modelo pela engenharia básica e rodamos a extração de quantitativos no Visus. Então, vimos que tinha a possibilidade de exportar as informações para uma calculadora de carbono. Isso ascendeu uma pergunta: o que fazemos com isso?”, conta Fukuda em uma entrevista para o coordenador de conteúdo da AltoQi, Elio Quaresma, feita no estúdio Bilds .conecta, transmitida ao vivo pelo YouTube durante a Feicon:
O próprio arquiteto responde à pergunta: “Eu analiso a minha pegada atual de carbono: quanto eu estou emitindo de carbono durante o processo de fabricação e execução de obra”.
A equipe se concentrou em levantar o quanto seria emitido de carbono durante o processo de fabricação e execução da obra a partir da utilização de recurso do AltoQi Visus Cost Management, para exportação estruturada dos dados dos insumos da obra para análise de sustentabilidade na solução eToolLCD. O software também foi utilizado para estudar e analisar o impacto ambiental de materiais mais sustentáveis.
“Fizemos algumas simulações, a troca de alguns materiais por materiais mais sustentáveis, para ver o quanto era possível reduzir de carbono”, lembra Fukuda. “Essa análise de carbono retroalimentou o nosso [modelo] 5D e vimos que a variação de custo era muito pequena”.
Para viabilizar que a obra de infraestrutura fosse mais verde, a empresa calculou que a variação de custo/nível de investimento necessário seria de 2,79% em relação ao valor do projeto, aproximadamente. Isso abriu a oportunidade de a empresa conseguir os chamados green bonds (títulos verdes, em português), utilizados para captar recursos para projetos com impacto social-ambiental positivo.
“É possível conseguir financiamento nessas linhas próximo à taxa de juros americanos de 5% a 6% ao ano. Se jogarmos isso ao longo dos cinco anos, que é o tempo de implantação do projeto, o ganho dos juros sobre esse valor já paga a implementação do modelo BIM”, afirmou o gerente de novos negócios da Reta Engenharia, Túlio Duarte Faria.
Os dados econômicos foram apresentados durante o painel Benefícios do BIM na gestão de projetos complexos – aplicação e resultados. A apresentação ocorreu no 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção, realizado dentro da Feicon pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Na passagem pelo estúdio Bilds .conecta, o arquiteto Lucas Fukuda adiantou que a emissão estimada de 174 mil toneladas de carbono foi reduzida em quase 40% somente com a substituição dos materiais especificados inicialmente por materiais mais sustentáveis, principalmente aço e concreto. “O que equivale a deixar de cortar 483 mil árvores”, compara.
A Reta é uma empresa de engenharia construtiva que atua no setor industrial, de infraestrutura e mineração. “Esse é o segundo case da empresa com o Visus e [o cálculo de carbono] foi algo que nos provocou a investigar [qual seria o impacto]. É provável que, muito em breve, todos os capex tenham essa pegada mais verde”, acredita Fukuda.
Sustentabilidade na construção civil
O BIM Manager acredita que incorporar as mudanças climáticas nas análises da engenharia é um dos maiores desafios atuais. Entretanto, como o mundo vive uma crise climática e a construção civil é uma indústria que impacta bastante o meio ambiente, Fukuda diz que é preciso ver formas de como atuar melhor na construção civil. “A maneira que enxerguei foi através do orçamento com essa pegada verde”, exemplifica.
Para essa aplicação, os materiais mais sustentáveis obrigatoriamente têm que possuir um selo EPD (Environmental Product Declaration, em inglês, ou Declaração Ambiental de Produto – DAP) que certifica a transparência e a responsabilidade ambiental. “As simulações consideram materiais com as mesmas especificações de engenharia, porém um deles atesta uma emissão menor [de carbono]. Assim, é feito um paralelo”, explica Fukuda.
Outra possibilidade é avaliar a emissão de carbono da obra. Mas para isso é preciso adentrar na questão dos equipamentos utilizados na obra, como os equipamentos de transporte. “O orçamentista tem que dominar a obra para poder fazer isso. Mas daria para reduzir ainda muito mais [a emissão de carbono]”, reforça o BIM Manager.
Com o estudo, a Reta Engenharia conseguiu estabelecer um processo eficiente para análise do impacto ambiental da obra e seguir para as próximas etapas com a visão de que a obra de hidrelétrica em questão será muito mais sustentável.
Qual a importância do BIM para a sustentabilidade
“O BIM veio não somente para a gente fazer melhor, mas fazer coisas melhores, de outras maneiras”, destaca Fukuda. Para o arquiteto, a análise de sustentabilidade é capaz de transformar a forma como são vistos os orçamentos BIM das obras e viabilizar estruturas mais responsáveis.
“O case da hidrelétrica é o segundo [com aplicação do BIM e utilização do Visus] em que usamos o modelo para fazer o capex. Foi possível explorar muito mais a ferramenta. [O BIM] está consolidado e maduro na empresa”, afirma.
Mas o que acontece na Reta Engenharia ainda não é percebido como a realidade do mercado da construção civil. Para Fukuda, a indústria ainda é completamente desconectada e falta compreensão sobre o que representa o BIM. “O papel da pessoa que quer trabalhar com BIM é justamente tentar entender a dor do outro e integrar as áreas de conhecimento”, enfatiza.
A abordagem integrada, desde a contratação, projetos, planejamento, orçamentação e, inclusive, análise de descarbonização, auxilia na viabilidade financeira de empreendimentos. A integração do custo da obra, calculado pelo time de orçamento da Reta Engenharia, deu origem ao modelo 5D que auxiliou na definição de metodologias construtivas, possibilitando a ampliação da sustentabilidade da obra.
“O BIM não deve ser apenas um meio para planejar sequências construtivas ou associar orçamentos aos elementos do modelo. Ele vai além, tornando-se fundamental para aprimoramos nossa engenharia”, acrescenta o arquiteto da Reta.
O Visus é uma plataforma robusta, com muitos recursos e funcionalidades que atendem principalmente processos, projetos, orçamentos e planejamentos em BIM, mas também processos, projetos, orçamentos e planejamentos que ainda não são BIM e/ou estão migrando para a metodologia.
Além disso, o AltoQi Visus Cost Management, utilizado pela Reta Engenharia como base para trazer os resultados destacados neste artigo, é uma solução de software OpenBIM para extração de quantitativos e orçamento de obras. Com a solução, é possível ter controle e analisar o impacto financeiro e ambiental de cada decisão de projeto.
A Base de Conhecimento da AltoQi apresenta os recursos e orientações essenciais para tirar o melhor proveito do AltoQi Visus, idealizado e desenvolvido para a gestão digital da construção. Também é possível falar com um consultor para saber mais o que os recursos do AltoQi Visus podem fazer para gerar mais sustentabilidade, seja em uma obra de edificação ou de infraestrutura.