Setor da construção vive um processo crescente de adoção de novas tecnologias, avalia curador do 7º Congresso Internacional A ERA BIM

Em bate-papo sobre a evolução do BIM no Brasil, Eduardo Sampaio Nardelli destaca os esforços dos setores público e privado para a transformação tecnológica da arquitetura e da engenharia.

Mais uma vez, o Brasil vivencia um ano intenso em relação à adoção do BIM. Após um 2023 marcado pela entrada em vigor da Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei nº 14.133/2021) — que estabelece o uso preferencial do BIM em licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura —, o ano de 2024 se destaca pela Nova Estratégia BIM BR (Decreto nº 11.888/2024). Esta iniciativa destaca os esforços do governo federal de promover a implementação do BIM no país, abrangendo as esferas pública, educacional e empresarial. O setor privado, em conjunto com as diversas entidades da cadeia produtiva da construção civil, entre elas, o Sinaenco, também caminha nessa direção.

Um retrato do avanço do BIM no Brasil foi dado pela 1ª Pesquisa Nacional sobre Digitalização nas Engenharias no âmbito da Indústria da Construção, realizada em 2022. Dos cerca de 5 mil profissionais participantes do estudo, 57% declararam estar nos estágios iniciais de adoção do BIM, e 26% disseram estar desenvolvendo algum trabalho utilizando a metodologia. Em setembro deste ano, o BIM Fórum Brasil e o Confea/Crea, responsáveis pela pesquisa, lançaram sua segunda edição, que trará novos dados sobre a implementação de tecnologias disruptivas no setor.

É neste contexto que será realizado o 7º Congresso Internacional A ERA BIM, que conta com a curadoria do arquiteto e professor Eduardo Sampaio Nardelli, vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva. O evento promete oferecer um panorama abrangente sobre a adoção do BIM no Brasil, com insights exclusivos de grandes expoentes da transformação digital na arquitetura e na engenharia.

Na entrevista a seguir, Nardelli fala sobre os avanços e desafios envolvendo a implementação das novas tecnologias no Brasil e sobre as novidades da sétima edição do Congresso A ERA BIM.

Na sua visão, como está a evolução do BIM no Brasil? Onde estão os principais avanços e os principais desafios?

E.N.: Eu acho que vai bem, tivemos um avanço grande nos últimos anos, bastante animador, na verdade, ainda mais considerando que no meio de tudo isso ainda tivemos uma pandemia. É claro que há gargalos, como a nova Lei de Licitações, que foi pensada em um momento em que o BIM era uma possibilidade, e agora os processos de contratação precisam ser melhor discutidos para não criar esse vazio. São gargalos institucionais. Outro ponto é que temos também uma questão cultural, que não é brasileira, e sim mundial, de que o setor da construção é sempre mais lento nas transformações.

Mas o que eu percebo é que existe mesmo uma vontade muito grande de resolver essas questões, tanto por parte do setor privado, que participa, se organiza, tenta fazer a migração, quanto do setor público, que está evoluindo. Tivemos três governos completamente diferentes [desde 2018] e todos eles promoveram avanços. Então, há vontade de se fazer. O BIM Fórum Brasil fez uma pesquisa há dois anos para checar a digitalização do setor, o quanto os profissionais de projeto estavam digitalizando suas atividades, e já vimos dados significativos. Agora, eles lançaram uma nova rodada da pesquisa, cujos dados atualizados provavelmente serão divulgados durante o Congresso, se já estiverem consolidados. E tenho certeza que mostrará uma evolução desse processo, é inexorável, ninguém volta atrás. Eu vejo que já é um processo bastante acelerado nesse sentido.

Em relação ao BIM, a primeira grande expectativa na implementação é de ter uma assertividade maior nos projetos, particularmente na quantificação dos elementos e materiais.

No que diz respeito a tecnologias e à implementação do BIM, o que você acha que já é uma realidade em boa parte dos projetos no Brasil, e o que ficará para o futuro?

E.N.: Podemos dizer que, em relação ao BIM, a primeira grande expectativa na implementação é de ter uma assertividade maior nos projetos, particularmente na quantificação dos elementos e materiais, que pode fazer uma grande diferença no orçamento, e na verificação de todos os conflitos entre as diferentes disciplinas de um projeto. O BIM faz isso automaticamente. A partir disso, você passa a ter avanços. Levar o BIM para a obra é um outro uso que está começando – o que será construído, e em que momento. Isso auxilia brutalmente o planejamento da obra. Outra etapa que seria sensacional, e que a Estratégia BIM BR menciona, é o momento em que você usa esse modelo, o gêmeo digital, para fazer a manutenção e operação de um ativo, e aí você precisa de informações mais detalhadas. Em meio a esses processos, é possível agregar tecnologias, como realidade aumentada para visualização de modelos, inteligência artificial para automação de tarefas, mas são passos além.

Então, para resumir: de imediato, e até por conta da estratégia BIM BR, o grande foco hoje é a assertividade na quantificação e na detecção de conflitos. O segundo passo é a questão de gerenciamento de obras. E eventualmente é possível usar tecnologias para incrementar esse processo à medida em que ele vai acontecendo. Tudo isso sem esquecer que, muitas vezes, toda essa jornada pode ser um pouco mais caótica, com inovações que podem mudar mais rapidamente o cenário.

Esse crescimento não se deve apenas à nossa competência, mas ao desenvolvimento do próprio setor, que vive um processo crescente de adoção do BIM nas empresas contratadas e contratantes.

Já estamos na 7ª edição do Congresso Internacional: A ERA BIM. Como ele evoluiu ao longo do tempo e o que podemos esperar para essa edição?

 E.N.: Começamos sete anos atrás, com um encontro relativamente pequeno no Sinaenco, para cerca de 80 pessoas interessadas em entender as práticas do BIM. A expectativa para 2024 é de mil pessoas. Esse crescimento não se deve apenas à nossa competência, mas ao desenvolvimento do próprio setor, que vive um processo crescente de adoção do BIM nas empresas contratadas e contratantes.

O que tem sido apresentado no evento são aplicações de ponta, você está quase no estado da arte do que está sendo desenvolvido em BIM no Brasil. Percebemos que o congresso tornou-se uma referência, à medida que você convida e as pessoas querem estar presentes para apresentar seus cases. É um fórum que se tornou relevante para as pessoas se atualizarem sobre o que está acontecendo.

Tudo isso mostrou a necessidade de evoluirmos. Este ano, temos um conselho consultivo formado por membros de entidade do setor para discutir as temáticas que serão abordadas no evento; fizemos uma chamada de trabalhos, na qual tivemos 107 projetos inscritos, o que também é um indicativo de quanto o setor cresceu, projetos de altíssima qualidade; contaremos com palestrantes internacionais, para conhecermos mais sobre o avanço do BIM no cenário externo; e também teremos apresentações sobre a nova política industrial [Nova Indústria Brasil], o projeto Construa Brasil e a Nova Estratégia BIM BR, para explicar um pouco do nosso contexto nacional. Estamos prevendo pelo menos 50 cases apresentados nos dois dias do evento, mesas redondas, além da tradicional exposição dos patrocinadores, ligados ao fornecimento de tecnologias e serviços.

7º Congresso Internacional A ERA BIM

Data: De 26 a 28 de novembro

Locais:

Centro de Convenções Rebouças (dias 26 e 27 de novembro)

Instituto de Engenharia (28 de novembro)

INSCRIÇÕES: https://doity.com.br/7-congresso-internacional-a-era-bim

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