3º Seminário BIM aponta o futuro da arquitetura e da engenharia

Evento 100% digital foi promovido entre 24 e 26 de novembro.

Foi encerrado na tarde de hoje (26 de novembro) o terceiro e último dia de apresentações do 3º Seminário Internacional: A ERA BIM, que contou com cerca de 500 participantes, um time de mais 30 palestrantes do Brasil e do mundo, todos dispostos a discutir assuntos relacionados à adoção do BIM.

Ao longo das cerca 15 horas de transmissão, em tempo real, divididas entre painéis e mesas-redondas virtuais, três temas ganharam destaque: o surgimento de uma nova mentalidade na cadeia produtiva da construção, a necessidade de inovação, e a importância da colaboração entre pessoas e integração de processos.

Em sua apresentação, o americano Finith E. Jernigan (autor de obras como BIG BIM 4.0) contextualizou: “A indústria da construção precisa mudar radicalmente. Vivemos na era da conectividade, e quem não fizer a transição, vai fechar as portas.”. Seu companheiro de painel, o sul-coreano Ghang Lee (co-autor do Manual BIM ), trouxe outra reflexão importante para o momento atual: “É preciso abandonar a ideia de que experts no modelo sejam especialistas em software; são, sim, especialistas nas aplicações do BIM ao longo do ciclo da construção.”

As duas questões foram desmembradas por outros participantes, mas a tônica geral foi de que a indústria precisa inovar, e isso vai muito além do desenvolvimento e capacitação em softwares ou da digitalização dos processos.

Interoperabilidade

O painel sobre interoperabilidade, conduzido por grandes nomes do BIM no mundo, como Joffrey W. Ouellete e Rob Roef, ambos ligados à buildingSmart International, Enzo Blonk (GS1) e José Lino (NossoBIM), reforçou que, embora softwares e modelos abertos sejam criados e aprimorados a cada dia, a tecnologia é o menor dos problemas.

A discussão mostrou que é necessário, sim, um novo olhar sobre o ciclo de vida da construção, com foco em gestão de dados, integração de etapas e colaboração entre as partes interessadas, a partir do qual o BIM passa a realmente cumprir seu papel de reduzir custos e erros, agilizar processos e contribuir para uma construção mais eficiente e inteligente. Os softwares e demais tecnologias devem, então, servir ao propósito, e não serem o propósito da mudança.

Desafios globais

Os inúmeros desafios envolvidos na disseminação do BIM no Brasil e no mundo ficaram claros na conexão entre Brasil, Índia e África. Com a participação de Moses Itanola (BIM Africa), Dr. Armanath CB (National BIM Society – India), Wilton Catelani (BIM Fórum Brasil), e Eduardo Toledo (Poli-USP), o painel mostrou que, apesar das diferentes realidades, as regiões demandam investimentos em inovação, na capacitação dos profissionais de empresas e governos.

Apresentados ao longo do seminário, cases como o da CPTM, da Secretaria da Habitação de São Paulo, da Infraero e da Artesp – Agência de Transporte do Estado de São Paulo e Tribunal de Justiça de Minas Gerais, são exemplos de como a administração pública têm investido em capacitação e diretrizes internas para exigir o BIM em seus projetos e contratos.

De outro lado, as empresas privadas mostraram aplicações de sucesso das metodologias BIM e seus benefícios, algumas apostando inclusive em inovação aberta, de olho no futuro.

Tendências e homenagem

Fazendo um balanço final do evento, o VP de Arquitetura do Sinaenco e curador do Seminário, Eduardo Sampaio Nardelli, observou: “Ao longo destes dias, vimos novas siglas começam a assumir grande importância a partir de agora, como o CDE – Common Data Enviroment – Ambiente de Dados Comum, PEB – Plano de Execução BIM -, Ciclo de Vida do Empreendimento, Facilities Management – ou Gestão de Ativos, que, ao lado das já tradicionais questões de Interoperabilidade, Bibliotecas, e Contratação de Projetos e Obras”.

Nardelli finalizou a transmissão com uma homenagem a um dos precursores do BIM, o professor Charles Eastman, coordenador do Digital Building Laboratory do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), que faleceu no início de novembro. “Charles Eastman, carinhosamente conhecido em nosso meio como Chuck Eastman, em cujo nome, homenageamos todos aqueles que nos deixaram neste período e, na eternização de seu sorriso revelador de toda a sua generosidade, renovamos a nossa fé e esperança na Ciência e Tecnologia, como um dos pilares para o a nossa permanente evolução em direção a um mundo mais justo e colaborativo.”