Brasil perde dois ícones da arquitetura e do urbanismo

Com o falecimento de Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner, o Brasil perde, em menos de uma semana, duas referências na arquitetura e no urbanismo. Ambos ganharam reconhecimento nacional e internacional por seus trabalhos e inspiraram – e ainda inspiram – gerações de profissionais.

O arquiteto humanista

Foto: Divulgação

Capixaba de Vitória, Paulo Mendes da Rocha fez parte da icônica geração de modernistas da Escola Paulista liderada por João Batista Vilanova Artigas, com quem trabalhou antes de abrir seu próprio escritório. Assinou obras emblemáticas, especialmente na cidade de São Paulo.

Em 2006, sua trajetória foi coroada com o prêmio Pritzker, o mais importante reconhecimento da arquitetura mundial. Na ocasião, o Sinaenco promoveu, em conjunto com o Museu da Casa Brasileira, um tour arquitetônico pelas principais obras do arquiteto na cidade de São Paulo. No roteiro estavam o Metrô Itaquera, o MuBE, a Casa Gerassi, a Casa Butantã, a Praça do Patriarca, o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado. Entre suas obras mais recentes, destaca-se a unidade do Sesc 24 de Maio.

A Pinacoteca do Estado e a Unidade do Sesc 24 de Maio, ambos em São Paulo. Fotos: Sailko/Wikimedia Commons; Lauro Rocha.

Além do Pritzker, Rocha recebeu o Prêmio Miles van der Rohe para a América Latina, o Leão de Ouro de Veneza, o Prêmio Imperial do Japão, acompanhado de uma medalha entregue pelo príncipe Hitachi. Em 2017, foi agraciado com a Medalha de Ouro Real do Royal Institute of British Architects (RIBA), em reconhecimento ao conjunto de suas obras.

Paulo certa vez disse: “Quando o arquiteto risca no papel uma anotação formal, um croqui, está convocando todo o saber necessário, mecânica dos fluidos, mecânica dos solos, máquinas e cálculos que sabe que existem para fazer aquilo. Não se trata de fantasias, mas uma forma peculiar de mobilizar o conhecimento, o modo arquitetônico”.

O gestor do planejamento urbano

Foto: Divulgação JLAA

Curitibano, Jaime Lerner graduou-se pela Universidade Federal do Paraná. Ainda jovem destacou-se em concursos de arquitetura, mas foi por meio de sua atuação política que ele ganhou notoriedade. Foi prefeito de Curitiba por três mandatos (1971; 1979 e 1989) e governador do Paraná no período de 1995-2002.

Aliando a prática profissional ao exercício público, Lerner implementou em Curitiba, a partir dos anos 1970, um amplo programa de planejamento urbano, com foco em transporte, meio ambiente, ações sociais e projetos urbanísticos. O Sistema Integrado de Transporte Coletivo, reconhecido internacionalmente pela eficiência e baixo custo, o calçadão da Rua XV de Novembro, o Jardim Botânico e a Ópera de Arame são algumas das obras que traduzem o seu legado.

Além do Paraná, o arquiteto desenvolveu projetos para o setor público e privado em diversas cidades no Brasil e no exterior. Um dos seus últimos trabalhos foi o Parque Urbano da Orla do Guaíba, em Porto Alegre, inaugurado em 2018.

Estação-tubo, em Curitiba, e a orla revitalizada do Guaíba, em Porto Alegre. Fotos: Wikimedia Commons; Alex Rocha/PMPA

Pelo reconhecimento de sua obra Lerner recebeu diversos prêmios e títulos internacionais. Em 2010, foi nominado pela revista Time um dos 25 Pensadores mais Influentes do mundo e, em 2011, recebeu o prêmio Leadership in Transport Award, agraciado pelo International Transport Forum at the OECDO, em reconhecimento por sua liderança, visão e contribuição no campo da mobilidade urbana sustentável. O Sindicato também homenageou o profissional com o Prêmio Sinaenco.