Primeiro dia do Seminário BIM tem discussões conceituais e participação de especialistas internacionais

Um dos destaques foi a palestra do espanhol David Barco Moreno, autor do best seller ‘Diário de um Gestor BIM’.

A manhã do dia 30 de novembro, 1° dia do evento, se iniciou com a marca registrada do seminário: a presença de visitantes internacionais ilustres, que virtual ou presencialmente, deram a sua contribuição a partir de décadas de experiência de trabalho em BIM nas mais diversas esferas. 

Dion Moult, arquiteto e programador que é referência internacional no desenvolvimento de sistemas de código aberto, iniciou os trabalhos ao lado de Carlos Dias (membro do CEE 134 – ABNT) e João Gaspar (FAU-USP), em painel com o tema do OpenBIM. Os profissionais destacaram a importância de softwares livres para a evolução do mercado, o trabalho compartilhado e a acessibilidade de uso – já que são ferramentas mutáveis, colaborativas e sem custo.

Depois, foi a vez de David Barco Moreno, autor do best seller “Diário de um Gestor BIM: Guia para implementação de projetos BIM” dar a sua visão do BIM, com foco na transformação digital como meio para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O arquiteto detalhou a implantação do BIM do micro para o macro, desde a aplicação em objetos até territórios inteiros, como cidades, e ressaltou a importância da abordagem de dados considerando pegada de carbono, reciclagem e outras informações relacionadas à sustentabilidade. À tarde, Eduardo Ribeiro (UFRJ), ressaltaria novamente a importância de considerar aspectos ESG no processo de implementação do BIM em empresas, planejando os empreendimentos do ponto de vista ambiental, social e de governança.

Ainda de manhã, José Carlos Lino (NossoBIM) mediou dois painéis com mais expoentes internacionais. No primeiro, o Mark Baldwin, que terá seu best seller “The BIM Manager” traduzido para o português em 2023, falou sobre o tema BIM Manager, ressaltando como as diferenças culturais influenciam na adoção do BIM em diversos países e a importância de regulamentações e incentivos por parte do poder público para a adoção de novos processos e tecnologias relacionados a esse conceito.

Na sequência, Patrick MacLeamy, fundador da buildingSMART e famoso pela curva que leva o seu nome, trouxe um breve histórico da tecnologia na construção e explicou como o gerenciamento de informações tem se tornado o centro do processo de construção, ressaltando a importância do setor de modernizar de dentro para fora para não se tornar obsoleto.

No último painel da manhã, Cleiton Rocha (TCU) e Silvia Gallardo (TCE-SP) lideraram a discussão sobre os desafios das contratações públicas em BIM, nova Lei de Licitações e a jurisprudência ainda incipiente para para esse tipo de licitação no Brasil. A mediação foi do VP do Sinaenco, Russell Ludwig

O período da tarde foi tomado por discussões acerca da ISO 19650, que estabelece padrões internacionais para a implementação e aplicação do BIM na construção civil, sobretudo no que se refere ao gerenciamento de informações. A norma ISO foi retomada em outras duas oportunidades: ela teve um destaque exclusivo no painel conduzido por Murillo Piazzi (BIM Academy) e Gustavo Carezzato (Graphisoft LATAM), no qual a segurança de dados, gestão da informação e colaboração foram abordadas de maneira mais aprofundada, com foco nas partes 1, 2 e 5 da norma.

A discussão deu a deixa para o painel seguinte, cujo tema era o ambiente comum de dados (Common Data Environment, ou CDE) e contou com a participação de Ricardo Bianca (Autodesk), Alexandre Miranda (ACCA Software) e Nathalia Magatti (Oracle), que apresentaram as soluções de suas empresas para este desafio.

Ainda na parte da tarde do primeiro dia, foram apresentados diversos cases de aplicação do BIM, contemplando obras de saneamento, infraestrutura e mobilidade urbana (como metrô), mas também a experiência de implantação do BIM em algumas organizações e a aplicação das tecnologias e processos a fornecedores, que estão criando suas bibliotecas BIM para a utilização de projetistas. No final do dia, ainda houve tempo para falar em metaverso como oportunidade de negócios, tendo como um dos cases principais o mapeamento do território da comunidade de Paraisópolis.

Fotos: Ricardo Maizza